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O CEFET-MG e a Greve

CEFET-MG E A GREVE: IMAGEM E SOMBRA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA FEDERAL

O título do artigo não é mero pleonasmo em época de eleição. Político é que gosta disso: ser transparente, honesto, preocupado com as questões sociais e ambientais, como se não fossem prerrogativas na normalidade vivida no dia a dia do cidadão comum. Quem insiste em ser diferente, de uma casta superior, sempre esbarra na ruptura da conduta ética de tais valores ou ainda na antipatia intelectual, impulsionados pela vaidade supérflua.

Voltemos ao título.  Afinal, tivemos uma paralisação desastrosa que convivemos durante 4 meses (aprox.). Como sempre, saímos do nada e chegamos a lugar nenhum, a não ser afagar o ego de meia dúzia de profissionais de sindicato, que espertamente mobilizaram menos de 10% de uma categoria, só para mostrarem ao poder central que (também) mantêm sintonia com as massas. Mas, se esqueceram de que não se ensina truques velhos para macacos (muito mais) velhos em Brasília. Além do mais, na Educação, podem mandar quantas pedras quiserem na vidraça, pois a nossa sociedade está mais afeta à seleção de futebol.

Como examinar a greve dos professores no contexto da liderança? Embora tenha os números para justificar uma abordagem educacional, prefiro sair dessa seara tão discutida, evitando desperdiçar água (chover no molhado). E números podem ser maquiados ou manipulados, mas um dia a casa cai. E os reflexos então? Serão insidiosos e insípidos durante o período que a comunidade irá “pagar” a greve, pois somos a única categoria de trabalhadores que cruza os braços, mas e daí?!? Depois irá repor mesmo… Os atropelos são inevitáveis e desestimulantes para quem está em sala de aula, mas enquanto isso “os chefes” estão na praia.

As conclusões do que foi realizado na última gestão do MEC (Fernando Haddad, 7 anos), na atual (Aloizio Mercadante, meses) e do CEFET-MG (Flávio dos Santos, 8 anos), já são conhecidas e, pasmem, como são convergentes! Uma é reflexo da outra e ambas se entrelaçam no convívio mitológico  da caverna de Platão, onde a verdade  e a realidade são meras sombras distorcidas pelo egocentrismo. Sobra vaidade, falta planejamento.

Pelo tempo que as equipes ficaram à frente dos planos e realizações(?), a mediocridade e os resultados pífios (quando existiram) só reforçam que as soluções futuras a serem buscadas são desafios não do atual ou  futuro gestor, mas das próximas gerações.

Sem fazermos muitos esforços, as consequências imediatas da displicência na administração das diversas instituições de ensino federal  (IEF´s) de um lado, e nos setores e cursos da escola de outro,  destacam-se na similaridade :

1) falta de discussão das pessoas/departamentos em interesses educacionais legítimos como a abertura de vagas para professores efetivos concursados;

2) investimentos desnecessários em pesquisas, equipamentos e materiais didáticos duvidosos;

3) acúmulo de funcionários administrativos ociosos na maioria dos setores;

4) burocracia exacerbada em colegiados e conselhos ineficazes;

5) perseguição profissional, processos discriminatórios de caça às bruxas, velado assédio moral aos críticos e, principalmente,

6) aquiescência e comodismo da comunidade no controle de questões políticas e sindicais, com a descrença  e afastamento dos bons profissionais.

A linha comum dos pontos acima: FALTA DE LIDERANÇA!

Para os menos versados na gestão e com um racionalismo retórico que impossibilita enxergar ou fazer a sua (auto) crítica, recomendo a leitura “Cadê os Líderes?” de Lee Iacocca. Neste livro, podemos constatar o calcanhar de Aquiles no Brasil e no CEFET há anos: o apagão das lideranças. O motivo mais claro encontra respaldo no que o estadista Winston Churchill falava há mais de meio século: “O grande problema que enfrentamos hoje é que os homens não querem ser úteis, mas apenas importantes”.

Como esperar formar líderes, coordenadores, supervisores, e não capachos, em um ambiente onde tudo é vaidade? Onde Narciso acha feio o que não é espelho? Onde alguns insistem em pertencer à classe dos intocáveis? Dos que mantêm ligação direta com Deus? Ou ainda, são deuses? A humildade, principal combustível da liderança, não pode ser relegada ao plano da conveniência. Mas, os poderosos acham que isso é subserviência…

Liderança é comprometimento, primeiro com a organização (país, ministério, escola, etc) e seus funcionários (cidadãos, comunidade, etc) e posteriormente, quando cabível, com outros interesses. Tem que existir alinhamento funcional e validação de ações na estrutura afim. Não se pode imaginar um governador administrando especificidades de uma empresa, ou interferindo na política internacional do país, pois ele foi colocado ali para atender as questões inerentes da sociedade de seu estado.

Infelizmente não é o que se vê. A arrogância pessoal e uma assessoria míope colocam a pá de cal no que poderia ser uma gestão simples e com bons resultados. Já vimos contraexemplos de governador que ficou brigando 4 anos com o presidente, colocando até acampamento militar (?) nos jardins do palácio em função de uma empresa energética, ou um ministro da Educação que ficou no cargo com objetivo político de se tornar prefeito (ou será mais um poste?), da mesma forma que o CEFET-MG se auto flagelou durante 8 anos no MEC, buscando se tornar uma Universidade Tecnológica, sem discussão com a comunidade, mas com o intuito de termos um gestor magnífico.

A complexidade na busca de soluções que rompam o estado de perplexidade e ineficácia com o múnus público na Educação deve atentar ao equilíbrio entre os prismas interno e externo. Internamente, os professores estão entre os profissionais mais mal remunerados dentre o funcionalismo civil e militar; seus salários têm como teto o que várias outras categorias tem como piso, bem como um plano de carreira insosso que privilegia de tudo, menos a competência em ensinar. Já externamente, a universidade brasileira bate a pior escala de indicadores internacionais como a relação aluno/professor, funcionário/professor, graduados em ciência, gasto por estudante, dentre outros que compõem a miríade da qualidade educacional.

Mas, nada disso adiantará se não tivermos verdadeiros líderes que espelhem a confiança, sonhos e ações para as comunidades em que atuam, numa reciprocidade de respeito e responsabilidade. Pelo menos no CEFET-MG, essa é a minha expectativa com a atual liderança; ainda…

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