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Combate: Perder ou Ganhar?

É claro que ao ler a pergunta acima, muitas pessoas se  reportam a luta ensejada na carta de S. Paulo à Timóteo, “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, na lida diária de trabalho, criação de filhos, compromissos ou adversidades que todos encontram ou suportam. Outras tantas, não mais belicosas, mas realistas, podem entender as agruras de povos como os iraquianos, palestinos, africanos, e até mesmo a brava gente brasileira (periferia ou favela), que se encontram longe de uma rotina amena ou da paz sonhada. Afinal, a “História das Guerras”, título do livro organizado por Demétrio Magnoli,  é a história da humanidade. Não há período de tempo, nos últimos 2.500 anos de registros na sociedade mundial, que se tenha atravessado 50 anos na prática de uma harmonia entre os povos, sem a ocorrência de pelo menos um conflito de dimensões contundentes.

Desprezo pela vida, opressão, tortura, banalização da violência em todos os sentidos, configuram o desejo do poder e riquezas, disfarçado de injustiças cometidas,  do apelo religioso ou da ideologia política. A massa popular, por conveniência ou ignorância, sempre se ajustou na aceitação das justificativas do disfarce proposto pelos poderosos, até começar a sentir cortar na própria carne. É o caso das tragédias absurdas, estampadas na mídia, que deslocam o demo para a vexatória vice-liderança no ranking da maldade. O 1º. lugar, inquestionável, é do homem. Esse é o ambiente propício para surgir mais um salvador da pátria, que conquista a simpatia geral, provoca algumas mudanças e, infelizmente, se deslumbra e caí no fluxo de exploração, arbitrariedades e privilégios, novamente. Pode até parecer com um roteiro do presente, e bem conhecido, mas trata-se de fatos que põem lenha na fogueira:  é o homem o lobo do homem (Hobbes) ou o homem é bom, mas a sociedade o perverte (Rousseau)?

Outra guerra, insidiosa e quase invisível, vem tomando proporções cada vez maiores nos tempos atuais. É a guerra pela sobrevivência econômica, e que irá determinar os programas sociais urgentes. Nessa, todos nós estamos envolvidos, querendo ou não. O mundo é o campo, e as lutas pela produtividade e qualidade de bens e serviços determinam a condição de uma nação como o Brasil, proporcionar de 2 a 3 milhões de novos empregos aos jovens, por ano. É o mínimo para que eles possam ter um pouco de dignidade e esperança, tendo outras opções além de sacarem uma arma (mesmo de brinquedo) e serem personagens de mais notícias policiais trágicas.

Contudo, as perspectivas são nebulosas: o Brasil ocupa a 54a. posição no Índice de Competitividade Global, composta por 60 países. Tal índice (IMD), apresentado pelo Fórum Econômico Mundial e World Competitiveness Yearbook – WCY, o mesmo fórum que promove o encontro anual de executivos-nababos, artistas-cabeças e políticos-midiáticos,    em Davos na Suíça. Tudo bem, pode-se até não dar tanta importância a tal índice, mas ele vem reforçar outros estudos e indicadores que analisam os mesmos fatores: a falência de nosso regime trabalhista, sistema tributário ultrapassado com impostos sufocantes, corrupção e uma infra-estrutura inadequada que carrega o elevado custo Brasil, provocando a perda de exportações.

Se isso não bastasse, associe ao exposto a última pesquisa INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e SAEB (Sistema Nacional de Avaliação Básica), relativa ao desempenho dos estudantes, 1º e 2º graus. O país ficou com a 55ª posição do ranking de leitura e no exame de ciências, 55,3% dos alunos brasileiros alcança apenas o nível 1 de conhecimento (PISA 2012). Tais resultados expressam a “Educação” de qualidade (inexistente) que os governantes parecem fazer questão de serem lembrados pelas gerações futuras: o maior fiasco em reverter estatísticas educacionais em todos os tempos, que refletem apenas a inépcia dos planos (?) atuais.

Se Maquiavel, autor de “O Príncipe” nos primórdios do século XVI, estivesse no Brasil do século XXI, ficaria estarrecido ao ver o contrário que afirmava: a base de um Estado são as boas leis e uma liderança competente. Em outras palavras, estamos aptos a ganhar a guerra da competitividade nesse mundo globalizado?

Márcio Bambirra Santos
mb@mbambirra.com.br
Professor

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