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O afunilamento da visão

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Às vezes me perco em alguns devaneios na linha do tempo levados por um estimulo qualquer: a reorganização dos livros nas estantes, como um mosaico que nunca se encaixa na entrada/saída de títulos, atualização de aulas, palestras, artigos e, para não ficar enraizado no volume crescente de papéis, na dispensa dos mesmos que vão frequentar a “cesta seção”. Vez por outra me detenho em alguns recortes antigos de jornais  e revistas que publicaram algo que disse ou escrevi, e me divirto pela linearidade  e coerência nos pensamentos mantidos nessas épocas, ou pela falta da mesma. No caso em anexo, quando eu apresentei um artigo no XX Congresso Nacional de Informática em 1987, bem antes de qualquer pretensa utilização da Internet ou redes sociais, eu já alertava para a necessidade da inclusão digital. Acertei muitas coisas no “exercício de futurólogo”, sem ter bola de cristal ou, sobretudo, os recursos atuais da internet. Mas não fiquei alegre, pelo contrário, fiquei decepcionado pelo pouco que a ciência conquistou na melhoria das relações interpessoais. O que pensava ser uma acolhida calorosa que o futuro nos reservava, vivemos uma realidade distante dilapidada pela ganância do poder e vaidade exacerbada.

Também acho interessante olhar em volta e verificar que alguns jovens professores não possuem a mínima noção de preservação de valores e de uma tradição de princípios que, em breve, também viverão.  Fazer o quê? Não eram nem nascidos na época das grandes conquistas como a redemocratização no Brasil, a informática, os direitos humanos, etc, e assim consideram que antes do Google o mundo era jurássico e os caras bitolados.

Dessa forma, a previsão para daqui a 30 anos fica até fácil: a estratificação das classes irá desaparecer, todos vão pertencer à “nata social”, todos serão superficiais.
mb8

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