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UAI, Minas Gerais!?!

O mineiro é matreiro e isso explica em parte o resultado da últimas eleições no estado: Pimenta nos olhos dos outros é refresco, então deu Pimentel. Em 2010, o senador eleito Antonio Anastasia recebeu um estado saneado pelo ex-governador Aécio Neves, mas não conseguiu manter o desempenho anterior.

Um breve olhar na história da terra mineira aponta, a exemplo do que ocorreu no período da Renascença no velho mundo, a interferência da arte no modus operandi social, como forma de, principalmente, criticar e indicar alternativas às pessoas. No rococó de Aleijadinho (séc. XVIII), buscava-se romper com o padrão Barroco importado da corte e do jugo europeu, como expressão artística da Inconfidência Mineira marcada nos profetas de Congonhas, segundo alguns pesquisadores. Há quase 40 anos, nos anos 60 do último século, a peça teatral “Oh! Oh! Oh! Minas Gerais” de J. Dangelo e Jonas Bloch, zoava àqueles que tinham apoiado o golpe de 31 de Março, responsável até hoje, por certos frutos políticos que herdamos e (obrigados) convivemos. Já em 1977, Carlos Drummond de Andrade despede-se de BH com “Triste Horizonte”, para ressaltar o abandono urbano da capital mineira, que foi planejada para ser uma cidade-jardim, e se transformou no epicentro de crimes ecológicos das mineradoras, que vem se arrastando há décadas.

Ultimamente, interrompendo a programação nos horários nobres da TV, os programas partidários não trazem mais artistas de vozes mansas e com efeitos atraentes da mídia, mas ainda insistem em ressaltar a parcialidade da conveniência política, sem evidenciar os desafios que devem ser enfrentados. Em Minas Gerais, assegura-se que a violência foi reduzida em 4,5%; que o estado cresceu 4,7%; a indústria extrativa com maior crescimento nacional, etc, etc,… Afinal, contra dados e fatos não há argumentos.

Contudo, “…há de se cuidar da vida, há de se cuidar do mundo…” como canta Milton Nascimento em “Coração de Estudante”, e para tanto, deve-se comparar o que é a vida com o mundo fora das montanhas que cercam Minas. Caso contrário, estaremos reforçando o mito das cavernas, de Platão.

Em tempos de eleições, o governo do estado obteve US$ 450 milhões de empréstimo junto ao Banco Mundial, que em contra partida promete melhorar a qualidade de vida dos cidadãos,  Programa de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais III,  expressos em um indicador chamado IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Tal índice, mantido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é composto de fatores econômicos (renda que reflete em empregos, valorização salarial e condições de desempenho e incentivo dos negócios), fatores da expectativa de vida (vida média do cidadão que vai desde as condições de saneamento, segurança e saúde pública) e fatores educacionais (analfabetismo por faixa etária, matrículas na educação básica e acesso à educação). Sem definir essas metas e dispor os recursos, como é o padrão conhecido nas empresas, não há como acompanhar o desempenho; não há crescimento sustentável.

O Brasil possui um IDH de 0,699 (numa escala de 0 a 1), e que segundo a última avaliação, ocupa a 73ª posição no mundo.

1° – Distrito Federal – 0,874

2° – Santa Catarina – 0,840

3° – São Paulo – 0,833

4° – Rio de Janeiro – 0,832

5° – Rio Grande do Sul – 0,832

6° – Paraná – 0,820

7° – Espírito Santo – 0,802

8° – Mato Grosso do Sul – 0,802

9° – Goiás – 0,800

10° – Minas Gerais – 0,800  atrás da crise governamental que vive o povo capixaba (ES, 7º lugar), dos conflitos agrários/ecológicos  do centro oeste (MT, 8º lugar), do caos da saúde pública e segurança carioca (RJ, 4º lugar ) e da falta de saneamento das favelas e implosão do transporte paulista (SP, 3º lugar), sem falar nas outras administrações. Dá para entender? Isso é trabalhar, ou dormir, em silêncio?

Admitindo-se que o governo de Anastasia fez alguma coisa, só podemos entender que nos anos anteriores os empresários ficaram brincando de pular amarelinha, e que o céu na realidade, foi o inferno para o povo. E sabemos que não foi bem isso que aconteceu. Segundo o IPEA, nos últimos 15 anos, houve um crescimento da participação de Minas Gerais no PIB do país (0,7 %), mas ainda tímido quando comparado à participação de São Paulo, que mesmo tendo caído 4% de 1996 a 2008 continua como primeiro do ranking.

Sem perder a cautela e a esperança de mineiro, tão bem narrada por Fernando Sabino em “A Inglesa Deslumbrada”, torçamos para ver os reflexos positivos do choque de gestão na esfera federal, vencendo Aécio no dia 26, para reposicionar MG no cenário nacional.

Márcio Bambirra Santos
mb@mbambirra.com.br
Professor

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