Band Leader
A liderança se aprende em todas as áreas do saber e do viver. Não é fácil, embora alguns ainda não diferenciem a liderança de chefia. Mas, chefe é chefe, é o que é imposto. Manda sem comandar, impõe sem convencer, cobra sem conhecer. Líder é dar um (grande) passo além. Na maioria das vezes, é um trabalho solitário. A firmeza de propósitos (convicção de espírito), a segurança nas ações (exemplo no fazer) e a motivação para o equilíbrio (harmonia e integração) do grupo, são fatores inerentes a qualquer líder. Sem (ou com) a liderança, absolutamente, as histórias dos povos seriam as mesmas. Assim como a inteligência, uma pessoa com liderança numa área, não significa que será líder também em outra. Um líder sindical pode ser um fracasso como líder religioso, político ou militar, e vice-versa. Ninguém é líder porque quer. Liderança exige conhecimento e referencial.
Quem nunca ouviu uma música de Glenn Miller ou Miles Davis? Ou ainda de Ray Conniff e sua orquestra? Quem nunca ouviu Ramones, U-2 ou Rolling Stones? E aqui no Brasil, dos Novos Baianos, passando por Barão Vermelho aos Paralamas, Capital Inicial, Kid Abelha ou Engenheiros do Hawaii, só para citar (e incitar) uns poucos! Se falarmos em Dave Evans ou Ronnie Wood, ou ainda em Paulinho Boca de Cantor, Fernando Magalhães, Bi Ribeiro, Yves Passarell, Jorge Israel, Carlos Maltz, sem associá-los respectivamente às oito últimas bandas citadas acima, provavelmente não iríamos identificá-los. Quais os seus instrumentos? Quais as suas participações? Mas, todos conhecem seus “band leaders”: Bono Vox, Mick Jagger, Moraes Moreira, Cazuza (Frejat, agora), Herbert Vianna, Dinho Ouro Preto, Paula Toller ou Humberto Gessinger, que puxaram para si a responsabilidade do sucesso da equipe, pelo dom ou por terem aprendido mais. Mesmo para os indiferentes à explosão musical do século XX _apreciadores de outros gêneros de entretenimento como a literatura, artes plásticas ou caratê_ já sabem qual o maior conjunto participaram Ringo Star e George Harrison, sem forçar as imagens de Lennon e McCartney. Se toda regra tem exceções, o importante é considerar que a liderança projetada numa só pessoa, quando ela é ameaçada, desgastada ou comprometida com outros ideais, leva à ruptura de todo o grupo. Isso acontece em times de futebol, grupos religiosos, sindicatos de trabalhadores, bancadas políticas, empresas e bandas musicais.
O ex-jogador Michael Jordan era um fenômeno mundial para o basquete, assim como foi para o futebol, o rei Pelé. Tiveram o dom para jogar bolas, ou quase. O primeiro ao encerrar a sua carreira de maior cestinha na história do Chicago Bulls, quis se aventurar em outras plagas: o beisebol. Retornou ao basquete (ainda bem) desiludido por não fazer no campo, o que estava acostumado a fazer nas quadras. Já imaginou Pelé como jogador de vôlei ou squash? Será que conseguiria também ser líder? Logo ele, que tinha a sua liderança no agir, e não na braçadeira de capitão. Do dom, eles desdobraram (pela inteligência e aprendizado) de forma dinâmica e objetiva, a liderança junto aos colegas, comunidade em que atuavam e público em geral. Algo como atualmente está fazendo o jogador Ronaldinho do CAM. Também o fizeram Santos Dumont, os irmãos Villas Boas, Anésia Pinheiro, Airton Sena e Irmã Dulce, dentre outras lideranças de distintas áreas. Puxam para si a responsabilidade do êxito ou do fracasso.
Em um vôo a 6 mil metros de altura, ninguém quer questionar a liderança de um piloto sobre a sua equipe, ou na final de um campeonato se a comissão técnica tem tática ou estática. Uma vez que são nos momentos decisivos que os lideres se sobressaem, eles devem estar preparados para tal. Como? No controle do desempenho de suas ações com referenciais significativos, procedendo uma crítica fundamentada para, se necessário, corrigir rumos. É como seguissem fielmente a máxima dos escoteiros: sempre alerta. Busque a história dos que, algum dia, tiveram liderança e depois caíram no ostracismo: artistas, jogadores, políticos, empresários, músicos ou socialites, ficam cantando “Yesterday” pelo resto da vida.
Márcio Bambirra Santos
mb@mbambirra.com.br
Professor